sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Fim da tarde de sexta-feira

Falta poesia no fim da tarde da sexta-feira.
Não existem mais olhos para os versos,
ao inverso,
os olhos estão fixos nas cotações das bolsas.
As musas não se deixam conquistar,
agora, conquistam e se apossam como donas.
O amor é vendido a prestações,
aceitam-se cheques pós-datados, cartões de crédito,
soube outro dia, até mesmo tickts refeições.
Falta poesia no fim da tarde de sexta-feira,
e o solo de piano visita Chopin.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Percepção

I
 N
    A
       D
            V
               E
                  R
                     T
                        I
                          D
                             A
                                 M
                                     E
                                        N
                                            T
                                               E


nem percebo que ando distraído,

como se o passo fosse o caminho.

ENTREVERSOS

Ignore meus versos, meus sentimentos largados no mundo do imaginável.

Ignore a minha aflição de não poder (embora queira tanto) dizer do que minha alma

se abastece...

Ignore a minha indisfarçável vontade de ser o presente.

Ignore a minha resignação de achar que tudo está no seu lugar.

E, se isto não bastar,

peço-lhe com toda a minha pequenez ,

deixa –me ao menos ser

aquele que não esquece da sua existência em mim.

03/27/2008 01:01

DIÁLOGO SILENCIOSO

Queria poder dizer-te tanto

do que sinto, do que me vai na alma.

Despir-me de todos os pejos,

de todos os medos,

de todos os obstáculos,

e poder dizer-te que te amo.

Não espero nada,

não desejo nada,

pois nada posso oferecer-te

a não ser a minha insignificância,

a minha impossibilidade de ser completo.

Sou apenas um poeta a imaginar

o amor ideal.

O que me resta é o verso,

companheiro da minha solidão,

desse encontro único

da minha existência com o meu desejo de ser.



Anselmo Oliveira

Aju, 22/02/2008 às 23h27min